INTRODUCÃO: JO 4:1-3
1. O ministério de Cristo é dividido resumidamente em três períodos:
• Inicial – do batismo ao chamado dos discípulos na Galiléia
• Intermediário (anos galileus) – da fuga da turba inimiga a cura dos cegos de Jericó; exerceu-o na Galiléia, Peréia, Judéia e circunvizinhanças
• Última semana – desde a maldição da figueira até pesca maravilhosa na Judéia
2. Os fatos registrados em João 4 não aparecem nos sinópticos; e ocorreram no período inicial
I – O OBJETIVO FRUSTRADO – Vs. 1-3.
1. Mesmo no início do seu ministério, Jesus teve oposição acirrada dos líderes judeus. Estes tentaram de todos os meios obstar o ministério de Cristo
2. Quando começou fazer discípulos, os fariseus tentaram pôr os discípulos não ocasionais (fixos) de Jesus contra os de João Batista.
3. Para evitar conflitos desnecessários, Jesus retirou-se voltando para a Galiléia.
4. APLICAÇÃO: Faz parte do método do inimigo causar desinteligências na igreja e que seus membros tenham sentimentos de superioridade, pois assim começou o pecado.
II – O ENCONTRO COM A SAMARITANA – Vs. 9.
1. Jesus saíra da Judéia ao romper da alva e chegara, então a Galiléia ao meio-dia, após andar aproximadamente 30 km. A hora mencionada por João segue o calendário romano, e corresponde ao meio-dia.
2. Vs. 12 - Os samaritanos eram de mesma origem étnica que os judeus
3. Enquanto os judeus tinham a Abraão como referência, os samaritanos tinham a Jacó.
4. Quando a Assíria levou as dez tribos do norte para outras terras em 720 aC. Alguns dos que permaneceram casaram-se com os estrangeiros emigrados, tornando-os parecidos com os judeus:
5. Eram concomitantemente politeístas e adoradores de Jeová
6. Tinham concepções religiosas parecidas, mas diferentes dos judeus: não aceitavam tradições orais, só criam no Pentateuco e em dois profetas: Moiséis e no esperado Messias.
7. Por isso os samaritanos eram chamados ironicamente pelos judeus de chuteus
8. O centro de adoração do Jerizim foi destruído pelos judeus em 129 aC. Nos dias de Jesus, só havia ruínas, entretanto, os samaritanos tinham este lugar como sagrado.
9. Jesus falou com a mulher de estirpe samaritana apenas como meio de início de um diálogo; pois tinha algumas razões para não falar com ela:
• Tratava-se de uma samaritana
• Era uma mulher – os rabinos judeus não falavam nem com suas próprias esposas ou filhas em lugares públicos
10. APLICAÇÃO: Cristo não se restringiu aos preconceitos sociais, mas procurou evangelizar a todos e teve sabedoria ao lidar com aqueles que pensavam ter concepções corretas, mesmo ao confrontá-las. Olhe alguém com uma visão espiritual
III– JESUS OFERECEU O MELHOR PARA AQUELA MULHER – Vs. 10,13-14
1. A água na Palestina era denominada de o dom de Deus
2. Ao analisarmos a bíblia, a água representa:
• A purificação do mal – dilúvio, limpeza sacerdotal, batismo no Mar vermelho, etc.
• Inocência – era utilizada como prova de inocência em situações de suspeita de pecado no sacerdócio levítico. Só podem bebê-la os regenerados
• A água da vida no Apocalipse é símbolo de salvação
3. O poço de Jacó tinha mais de 30 metros de profundidade; a samaritana inicialmente estava literalizando o que Jesus estava lhe dizendo.
4. Por isso, Jesus mostrou-lhe que sabia de sua vida não para lembra-lhe do seu pecado, mas para fazê-la sentir sua própria necessidade.
5. Em seguida, lhe ensinou algumas verdades: a adoração a Deus não está limitada a um determinado lugar, que o Messias viria dos judeus, como adorar a Deus e declarou-se como o Messias.
IV – O CARÁTER MISSIOLÓGICO DO MINISTÉRIO DE CRISTO – Vs 4
1. Ao sair da Judéia com destino a Galiléia, a bíblia diz que era lhe necessário passar por Samaria. Por quê? Isto revela o caráter missiológico do ministério de Jesus
2. Todas as vezes que aparecem frases com significados parecidos, fica claro que há relação com o senso de missão de Cristo, exemplo:
• Jô 3:14... importa que o filho do homem seja levantado
• Jô 9:4 convém que faça as obras daquele que me enviou
• Jô 12:34 ...e como dizes tu que convém que o filho do homem seja levantado?
• Jô 20:9 ...era necessário que ressuscitasse dos mortos
3. Ao sair da Judéia com destino a Galiléia, havia um caminho mais próximo cujo percurso não abrangia esta cidade samaritana. Jesus foi a Sicar com uma missão definida
4. O ministério de Cristo pode ser sintetizado em três ações: ensinar, pregar e curar (ver Mt 9:35). Duas destas três ações se manifestaram no encontro de Jesus com a mulher samaritana
V – UMA MISSIONÁRIA EXEMPLAR – Vs 28-30; 39
1. A bíblia não diz o nome desta samaritana, mas menciona algo mais importante que precisamos saber: sua disposição em aceitar e testemunhar logo em seguida
2. Ao deixar seu cântaro, está claro que aquela mulher intencionava voltar após correr aproximadamente 1,5 km, provavelmente na mesma direção que os discípulos, Sicar
3. É provável que esta mulher morasse em Sicar há pouco tempo, pois alguém que por seis vezes tomara maridos de outras, não teria tanta credibilidade de uma pequena cidade. Se morasse ali há mais tempo não teria seu testemunho tão creditado
VI – O MÉTODO E O OBJETIVO EVANGELÍSTICO DE DEUS
1. Nos escritos de EGW podemos encontrar três dimensões teológicas de missão:
a. Soteriológica – Ver SC 21:
• Pregar aos ignorantes é uma questão de salvação dos semelhantes, o que se vê na atitude de Cristo.
• É também uma questão de cumplicidade na salvação ou perdição do próximo. Sicar, não poderá culpar aquela mulher no juízo.
• A samaritana tentou alcançar a todos; convidou a todos.
b. Escatológica – Ver Ev. 697:
• Faz parte do plano de Deus que a igreja cumpra sua parte, pois Deus tem cumprido a Sua. Esta história é, hoje, um estímulo para nós.
• A volta de Jesus é o elemento motivador da missão. Se o primeiro advento o foi àquela mulher, muito mais o é o segundo.
• A omissão significa vitória de Satanás na vida das pessoas, inclusive na minha se eu não pregar. Pela sua, alguns se perderão. A samaritana não o foi.
• A mulher samaritana pregou com esta função: a vinda de Jesus (mas a primeira, nós a segunda)
c. Eclesiológica – Ver DTN 174:
• Há uma dupla missão da igreja perfeitamente definida por dois termos teológicos:
• Koinonia (comunhão) – por isso Jesus fez referência à adoração no Vs. 23 e Kerigma (proclamação) – o desejo de Deus é que sejamos uma fonte Vs. 14. Se existe uma prova de discipulado (evidência) da fonte verdadeira, a koinonia e o kerigma são as melhores.
• As forças centrípeta e centrífuga lembram Israel e a Igreja Primitiva, respectivamente; estas concepções eram ferozmente defendidas nos dias de Cristo, o que justifica a atitude discriminatória à samaritana.
• É imperativo que sejamos uma fonte, daí os porquês da própria existência da igreja: comunhão e missão.
VII – CONCLUSÃO:
1. ILUSTRAÇÃO: O pastor Rodolpho Cavalieri conta que, quando tinha oito anos de idade, seu pai levou toda a família para a roça. Era um lugar sem luz elétrica, água encanada, padaria, armazém, etc; só passava uma caminhonete uma vez por semana a 30 km de distância. A casa era de pau a pique e terra batida no chão. Seu pai usou uma grande casa de cupinzeiro para sua mãe assar pão. Ele punha lenha no forno de cupim e, quando estava quente, usava uma enxada de cortar mato para tirar as brasas e a enxada quente era colocada dentro de uma valeta de água e então esfriava. Isso acontecia porque no fogo a enxada amolecia e voltava a retemperar. Com o tempo, a enxada ficou amolecida, totalmente destemperada, não servindo mais para sua função principal: cortar o mato no meio das plantas. Há muitos na igreja que são como aquela enxada: amolecidos pelo pecado, não estão servindo à sua função principal: pregar o evangelho.
2. Imagine que, no milênio, você esteja na terra envolta totalmente no caos, observando os mortos e, de repente, três pessoas ressuscitam: um amigo a quem você via semanalmente na escola e em outros lugares, um vizinho e um parente. E eles começam lhe questionar: Porque você não nos avisou de tudo isso? Porque não insistiu conosco? Porque deixou que nos perdêssemos? O que você poderia dizer-lhes?
3. A DSA pesquisou e constatou que os membros contactaram com a mensagem adventista pela primeira vez através dos seguintes meios:
• Cruzada evangelística – 5%
• Programa especial da igreja – 3%
• Pastor – 6%
• Iniciativa própria – 3%
• Amigos ou parentes – 79%
4. Com base na referida estatística chegamos a seguinte conclusão: A maioria absoluta dos membros da IASD conheceu o evangelho através de outro membro.
5. Pense sobre isso, pois hoje é o dia que você pode fazer algo pelos amigos, pelos vizinhos e familiares. Oremos para que Deus nos dê um espírito de comunhão e missão.
6. Pense se, hoje, você tem o mesmo senso de missão daquela mulher samaritana, pois este é um sinal externo daqueles que, realmente herdarão o reino.
Estudo das Escrituras Sagradas de forma detalhada, e o mais importante: segundo os critérios de interpretação bíblicos. Do que se aborda há três categorias: Temas, Perguntas e Sermões. ENVIE SUAS PERGUNTAS DE TEMAS E TEXTOS DIFÍCEIS DA BÍBLIA E EU TEREI O MAIOR PRAZER EM RESPONDÊ-LO.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
SERMÃO 01 - Um novo mandamento cristão
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1. O teólogo e erudito batista Willam Carey Taylor publicou a Gramática do Grego e Dicionário do Grego-português do NT e Epístola aos Gálatas.
2. Em seu livro Epístola aos Gálatas ele comenta que só no Pentateuco existem 2386 mandamentos:
· 1564 cerimoniais
· 174 devocionais
· 252 sociais
· 23 domésticos
· 183 cívicos
· 190 morais
3. Mais adiante ele comenta que Jesus pronunciou 489 mandamentos:
· 22 hiperbólicos
· 16 morais
· 23 evangélicos
· 33 sociais
· 12 eclesiásticos
· 30 práticos
· 61 devocionais
· 15 ministeriais
· 12 domésticos
· 23 escatológicos
· 1 cívico
· 2 cerimoniais
· 239 particulares
4. Não estamos aqui para analisar ou contestar os 2875 que este erudito encontrou no Pentateuco e nos evangelhos, mas para juntos analisar sobre um novo mandamento de Cristo.
I– A dicotomia do amor no Antigo e Novo testamento.
1. O herege Marcion, do século II, defendeu uma dicotomia do amor entre a religião do AT e a do NT.
2. Muitos incorrem também no mesmo erro ao afirmarem, por exemplo, que o Torá pregava princípios de ódio e Jesus, o amor. Mas esquecem que o código civil de Israel pregava princípios de amor, como: indenizações, ajuda aos pobres, viúvas e órfãos, misericórdia (cidades de refúgio); pregava contra a opressão, o preconceito étnico, contra a usura e a injúria.
3. Há dois vocábulos gregos para novo:
· Neos→ Novo em sentido de tempo, recém-formado, jovem, é ago recente.
· Kainós→ é o novo na espécie, no modelo, é o melhorado, o de maior excelência, o reformado.
4. Em Jo 13:34, aparece kainós, significando que por mais que fosse um mandamento antigo, se tornou novo por ser mais bem esclarecido em sua função social.
II – Contexto social do texto em questão
1. Todas afirmações de Cristo ocorriam em função do que estava acontecendo ou da necessidade de seus contemporâneos.
2. Podemos afirmar que os discípulos de Cristo se odiavam apesar de suas divergências? Ou se amavam apesar de tudo? Em que consiste o verdadeiro amor?
3. No grego, a língua em que o evangelho de João foi escrito, há 4 vocábulos que definem melhor amor que no português:
a) Ágape (subst.) ou agapao (verb.) – é amar com reverência, admirar as qualidades, saudar afetuosamente [no grego clássico]. É o mais completo apesar de pouco calor ou afetividade. É o amor pelos inimigos no sinóptico Mt 5.
b) Filia (subst.) ou fileo (verb.) – é o olhar com consideração, acariciar; um exemplo é o amor conjugal, outro é o fraternal, o amor de Jesus por Lázaro. Fileo é usado 25 vezes no NT, das quais 22 vezes significa amar e 3, beijar.
c) Storge (subst.) ou stergo (verb.) – significa afeição familiar, amor com ternura, é suportar. É aquele entre pais e filhos, é o amor de um povo por seu governo. Esta espécie é mais condicionativa.
d) Eros (subst.) ou Eros (verb.) – Este é o amor dos sexos. É o amor de Amom por Tamar, de Davi por Batseba. Seus derivados adquiriram as conotações pejorativas de: amante, erotismo, erótico. Na Septuaginta, aparece em Ester 2:7 e Pv 4:6.
4. Este texto foi dito na quinta da paixão, último dia antes da crucifixão ao término do lava-pés e santa ceia no cenáculo; cuja cerimônia tinha por objetivo purificá-los, mas algo ainda lhes faltava: o amor genuíno.
5. Jesus perguntou a Pedro se O amava com agapao, Pedro respondeu com fileo, o que mostrou sua humildade e despretensão; ele poderia ter respondido com agapao.
III – Qualidades do amor genuíno defendido por Cristo
1. Quais as qualidades do verdadeiro amor? O que este tem de incomum dos outros modos de amar?
2. Em concomitância com os ensinamentos de Cristo, I Cr 13 e Gl 5 expõem as características do amor e os dos dons Espírito, respectivamente, pondo em evidência as suas semelhanças:
I Cr 13:4-7
|
Gl 5:22
|
É benigno
|
Benignidade
|
Não se porta inconvenientemente
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Domínio-próprio
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Não busca os seus próprios interesses
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Bondade
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Não se irrita
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Longanimidade/mansidão
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Regozija-se na verdade
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Fidelidade
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Tudo suporta, tudo crê, tudo sofre, tudo espera
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Bondade
|
3. Amar genuinamente e ter o Espírito de Cristo são equivalentes.
4. Amar era uma necessidade dos discípulos. Ao dialogar com eles, Jesus lhes diria:
· Pedro, que vos ameis uns aos outros não é amar apenas a André, teu irmão, Jonas teu pai, tua esposa, tua sogra, mas também a Malco, aquele que agrediu teu mestre.
· Judas, que vos ameis uns aos outros não é amar apenas aqueles que dão ricas ofertas na igreja, mas aos miseráveis também. Igualmente, não amar apenas os de boa índole diante da sociedade, mas até mesmo os de péssima reputação como Maria de Magdala.
· João, que vos ameis uns aos outros não é amar apenas a Zebedeu, teu pai ou a Tiago, teu irmão, mas amar também aos samaritanos que me perseguiram. E amar até mesmo aos soldados romanos que em pouco tempo me crucificarão, a ponto de orar por eles quando estarão me perfurando com uma lança e me derem vinagre em vez de água para aliviar a minha dor.
5. CBV 470: O mais forte argumento em favor do evangelho é um cristão que sabe amar e é amável.
6. O que é uma pessoa amável? Quais as suas características?
7. EXPERIÊNCIA: Quando morava em S. Luís, trabalhei com venda por muito tempo. Costumeiramente visitava aos membros da igreja daquela cidade. Ao saudá-los não me identificava inicialmente como adventista. O tratamento que eu recebia era muito diversificado; uns me tratavam com muita cordialidade, outros com frieza ou mesmo sem nenhuma cortesia. Mas quando eu me identificava como aquele que havia feito aquela semana de oração, conferência, palestra ou pregação, o tratamento mudava radicalmente.
8. APLICAÇÃO: Hoje eu fico me perguntando onde está o amor que deveria nortear todo o nosso estilo de vida e ser estendido até mesmo aos estranhos com os quais contactamos? Amar como Cristo nos amou significa tratar cordialmente os estranhos, vizinhos e todos aqueles que conhecemos, e não apenas os nossos amigos.
6. LA 426: Caso existam no coração, a divina harmonia da verdade e do amor, resplandecerá em palavras e ações.
7. Até algum tempo atrás a igreja teve um sério problema: simpatizantes de dissidências denunciavam-na publicamente ``os erros da igreja`` por amor.
8. TM 49: A igreja débil e defeituosa precisa ser repreendida, advertida e aconselhada, é o único objeto na terra ao qual Cristo confere sua suprema consideração.
9. Os que tinham esta posição de acusação difundiam sua concepção na Internet, em pasquins, jornais, etc. Mas se um ente querido seu cometesse uma falha grave você o denunciaria publicamente, afim de que todos soubessem? Porque?
IV – Atitudes que refletem o amor que Cristo intencionou que praticássemos.
1. Entre as muitas histórias que o NT narra encontramos algumas que nos mostram como Cristo tratava as pessoas que erravam, exemplo:
a) Lc 7:36-39 – A adúltera e Simão→ elogiou a mulher e não denunciou a cumplicidade de Simão, apesar de sua incredulidade.
b) Lc 9:52-56 – Os samaritanos→ Apesar de não recebê-lo, Jesus não concordou em destruí-los, o que descaracterizaria sua missão.
c) Lc 19:5-9 – Zaqueu→ Não demonstrou preconceito mas afetividade, se convidando para pousar em sua casa.
d) Mt 23:37 - Jerusalém→ Intercedia pela cidade que o crucificou.
2. EXPERIÊNCIA: Fui a S. Miguel do Guamá, no Pará para visitar um tio; após estar alguns dias, resolvi voltar para casa. Quando estava esperando ônibus, fiquei assistindo um culto evangélico enquanto estava esperando. Durante o culto, o pastor daquela igreja pediu que a secretária daquela congregação lesse uma ata. Após a leitura, o pastor pediu que uma irmã levantasse para que todos soubessem quem era a citada na leitura. Depois de muita insistência, aquela irmã levantou-se chorando enquanto o pastor denunciava seus pecados para todos os presentes.
3. Mas como Jesus se portaria diante de tal situação? Concordaria com estes procedimentos administrativos para preservar a igreja pura?
4. EXPERIÊNCIA: Infelizmente atitudes semelhantes acontecem também em nossa igreja. Conheci um rapaz que vou chamá-lo pelo codinome de José, era um obreiro bíblico muito dedicado. Um dia, percebi que José não estava indo aos cultos da igreja, fui então visitá-lo; quando cheguei em sua casa com o rapaz que foi me deixar, ao me ver, José tentou sair da janela em que estava, foi quando eu me fiz de desentendido e o saudei, forçando educadamente a entrada. Após algum tempo de conversa, ele abriu-se comigo, e disse que estava chateado com um dos anciãos da igreja por ter-lhe dito que era uma vergonha para a igreja por ter sido visto bebendo álcool em um bar do bairro que morávamos.
5. Agiu aquele ancião da forma correta? Como você agiria no lugar dele? O seu zelo pela igreja demonstrou o amor que Cristo defendeu?
V – conclusão.
1. O amor é o mandamento-base de toda a bíblia, de Moisés aos apóstolos, mantém as mesmas características.
2. Hoje Jesus diria: Amar como vos amei é amar aos ricos, pobres, pretos, brancos, líderes, liderados, pastores, membros, cultos, ignorantes, honestos, desonestos, crentes, incrédulos, familiares, desconhecidos, e é também é amar a bons e maus.
3. Amar como vos amei é tratar bem os marginalizados, é usar de eufemismo com os erros dos outros e só falar algo de alguém aquilo que poderíamos dizê-lo em sua presença. É não ferir mesmo quando dissermos a verdade, pois a verdade sem amor não terá muito valor.
4. É nos importarmos com os problemas alheios para ajudar a resolvê-los. É nos preocupar com alguém que não está mais vindo a igreja. É orar por alguém que está em pecados ou com problemas espirituais. Isto é amar como Jesus amou, é agir como Ele agiu. Que Deus nos torne como Jesus e nos capacite a amar como Ele amou.
sábado, 24 de abril de 2010
TEMA 02 - A LEI MOSAICA E O DECÁLOGO
INTRODUÇÃO: Jo 1:17.
Toda e qualquer lei é formada por princípios éticos que refletem os ideais do legislador; e têm por base os fundamentos da justiça, do bom senso, da ordem social e da igualdade de todos. A vigência de cada uma existirá em função das circunstâncias predominantes. Se estas mudarem, a letra da lei também mudará, porém, seus princípios continuarão válidos. Com a lei divina não é diferente.
A Constituição de nosso país, por exemplo, pode até mudar com o decorrer do tempo, porém, algumas mudanças não serão permitidas por certos mecanismos, por ferir alguns direitos e garantias fundamentais, como as cláusulas pétreas, que são intocáveis. Não podem ser alteradas por leis posteriores.
Pois a não ser isto, poderíamos simplesmente atentar aos princípios éticos verticais e horizontais, defendidos no Antigo e Novo Testamento que podem transcender ao tempo.
A PALAVRA LEI NA BÍBLIA
O uso da palavra lei em hebraico significa instrução (traduzida ensinamento em Pv 1:8) e em grego costume ou o que rege a conduta do homem.
Aparece em várias expressões equivalentes que denotam a manifestação da vontade divina, que são: mandados (Gn 26:5), juízos (Dt 11:2), II Sm 7:19, palavra (I Cron 16:15), preceitos (Sl 19:8), caminho (Sl 32:8), testemunhos (Sl 119:2), mandamentos (Sl 119:4), ordem (Sl 148:6), doutrina (Is 42:4, Pv 4:2), aliança (Is 24:5), estatutos (Ez 33:14-15), e ordenação (Rm 13:2).
O verdadeiro legislador de toda e qualquer lei bíblica é Deus, sendo Moiséis apenas seu instrumento de transmissão. Portanto, mesmo a chamada lei de Moiséis é também lei de Deus, por ter sido elaborada por Deus (ver Ne 9:14; 10:29).
Quanto à função, temos na bíblia várias espécies de lei. Temos a lei:
a. Do decálogo (Gl 3:17) – são os dez mandamentos escritos pelo próprio Deus e dados a Moiséis no monte Horebe
b. Do holocausto – a que regulava as cerimônias religiosas (Lv 7:37)
c. Dos animais – diferenciava os limpos dos imundos (Lv 11:46)
d. Natural (Jó 28:26) – rege os astros e os outros corpos celestes e fenômenos
e. Civil (Jo 7:51) – era aplicada para solucionar questões cíveis dos cidadãos
f. Dos pais (At 22:3) – eram costumes hereditários e orais que norteavam a cultura judaica
g. Do marido (Rm 7:2) – estabelecia os direitos e deveres conjugais do homem
h. Dos judeus (At 2:58) – regimento escrito utilizado para descrever os deveres referentes ao aspecto social-religioso
i. Do entendimento (Rm 7:23) – è a que determina à natureza existente no homem o grau de espiritualidade predominante
j. Do pecado (Rm 7; 23,25; 8:2) – impõe à natureza humana a condescendência carnal
k. Do pai (Pv 3:1) – são normas impostas pelo pai aos filhos para discipliná-los.
l. Da mãe (Pv 3:1) – são aquelas imposições das mães aos filhos
m. Do espírito de vida (Rm 8:2) – é toda norma evangélica que vivificada é de maior preponderância que meras obras da antiga aliança com o povo de Israel
n. Da verdade (Ml 2:6) – refere-se aos ensinamentos que seriam proferidos pelo Messias
o. Do sacerdócio levítico (Hb 7:11) – constituía em regulamentos cerimoniais que orientava sobre os serviços religiosos
p. Do mandamento carnal (Hb 7:11) – estabelecia a exclusividade da tribo de Levi nos serviços sagrados
q. Da justiça (Rm 9:31) – rege a condição da salvação ou perdição de qualquer homem
r. De Moiséis (Ne 8:1, At 15:5) – regulava os rituais religiosos.
s. Do Senhor (Ne 8:14) – também denominada lei de Moiséis, continha o aspecto doutrinário da religião do povo hebreu.
t. De Cristo (Gl 6:2, I Cor 9:21) – são as normas do evangelho que devem nortear o cristão.
u. Da beneficência (Pv 31:26) – é a natureza bondosa que se impõe, naturalmente, ao homem temente a Deus.
v. Da liberdade (Tg 1:25) – refere-se à lei de Deus. O termo caracteriza o livre-arbítrio do homem com relação à submissão a Deus e aos efeitos resultantes da sua prática
w. Da fé (Rm 3:27) – torna o homem dependente de Cristo para a salvação, e não das obras.
x. Das obras (Rm 3:27) – nivela a observância da lei
Como podemos ver há na bíblia não apenas duas espécies de lei, mas é possível fazer uma classificação mais extensiva ao se considerar outros aspectos relevantes da lei como a natureza, a filosofia, propósito. etc.
Ao tratar sobre lei, a bíblia não faz classificação entre lei de Moiséis e lei de Deus. Mas mostra distintamente a função, limite, utilidade e natureza da lei mosaica e do decálogo. O que nos permite, por questão didática, assim classificá-las.
A LEI DO PENTATEUCO ATRAVÉS DO TEMPO
O vocábulo Pentateuco é o termo grego que faz alusão aos cinco primeiros livros escritos por Moiséis. Em hebraico é a antiga torá. Tinham por característica o aspecto histórico-doutrinário dos princípios de Deus.
Em diversas citações é denominada a lei de Moiséis ou simplesmente a lei (Hb 10:28, Lc 24:44, At 15:5, Is 8:20, etc).
Há textos, que se correlacionados, revelam explicitamente que o Pentateuco era referido como a sendo a lei. Exemplo:
Em I cor 14:34 Paulo mencionando Gn 3:16 ao afirmar a submissão da mulher ao marido
a. Rm 7:7 refere-se a Ex 20:17 comentando o pecado da cobiça.
b. Em Mt 22:39-40 Jesus citando Lv 19:18 ao ensinar a essência da doutrina arqueotestamentária
c. Mt 12:5 comentando sobre a violação do sábado refere-se a Nm 28:9.
d. Mt 22:36-38 o doutor ao interrogar Jesus menciona Dt 6:5.
Nestas passagens do novo testamento, os livros de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio são referidos individualmente como a lei. Portanto, não há como negar que o Pentateuco seja a lei a qual Jesus se referiu (Lc 24:44).
Na era patriarcal, há evidências claras de princípios civis-religiosos decorrentes da lei já eram praticados e defendidos em Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio já eram conhecidos antes da era mosaica. Exemplo:
a. Adão, Abel, Caim, Noé, Abraão, Jacó, Isaque e os descendentes de Israel ofereciam sacrifícios de animais (Gn 3:21; 4:1-5; 8:20; 12:7-8; 26:25; 33:18-20 e Ex 5:3)
b. Na época de Noé já havia a classificação de animais limpos e imundos (Gn 7:1-2)
c. Há registro de que alguns patriarcas devolveram o dízimo (Gn 14:20; 28:20-22)
d. A prática do homossexualismo era condenável (Gn 19:5-7)
e. O adultério como era considerado um grande mal (Gn 39:7-9)
f. Existia a exclusividade sacerdotal restringida à descendência de um sumo-sacerdote (Hb 7:1)
g. Os israelitas guardaram ou guardavam o sábado antes do recebimento da lei no Sinai (Ex 15:26; 16:29)
h. Abraão conhecia os mandamentos, preceitos, estatutos e as leis de Deus, pois os observava (Gn 26:5)
i. A circuncisão era um item de extrema relevância (Gn 33:14-15)
j. Há registro da existência da pena de morte como punição ao adultério (Gn 38:24-25)
k. No casamento, já havia a prática do casamento do levirato, quando um irmão falecia, o mais novo substituía-o, casando com a viúva do irmão mais velho (Gn 38:8-10)
l. O estupro era considerado um ato hediondo (Gn 43:13)
m. Quanto ao casamento, já havia restrições quanto a se misturar a outras etnias (Gn 24:2-7; 28:1-3)
n. O envolvimento de um dos filhos de Jacó com a mulher deste foi encarado como um ato abominável (Gn 49:3-4)
Todos estes exemplos revelam que os estatutos descritos já eram praticados muito antes de serem dados a Moiséis no Sinai.
O Pentateuco foi dado a Israel, que adotara um regime teocrático; por isso constitui um agrupamento heterogêneo de leis civis e religiosas, cuja essência e objetivo principal era estabelecer os vínculos de amor entre Deus e o homem.
CLASSIFICAÇÃO MODERNA À LEI
O uso da palavra revela a expressão da vontade de Deus (Sl 40:8; Rm 2:14-15; 7:12, etc). Nas escrituras não há distinção entre a lei de Deus e a de Moiséis, pois ambas têm origem divina e uma grande extensão doutrinária (Js 24:26; Ne 8:1).
A lei de Deus constitui apenas a síntese dos fundamentos divinos. Nela podemos ver a essência de todo o ensino bíblico. Exemplo:
a. O sentimento de igualdade deve imperar em todos (Mt 7:12)
b. Aliviar a carga do próximo é um item que está incluso em seus fundamentos (Gl 6:2)
c. A justiça, a misericórdia e a fé são os meios de seu cumprimento (Mt 23:23)
d. Sua transgressão pode também ocorrer por intenção, mesmo sem o ato.
e. O amor vertical e horizontal constitui seus alicerces (Mt 22:37-40)
f. Condena o egoísmo (Gn 38:9)
g. Tudo o que não macula o espírito esta em harmonia com sua função (I Tm 1:3)
Uma comentarista da bíblia afirmou sobre a classificação que se faz à lei, afirmou: ‘’Paulo não apresentava nem a lei moral nem cerimonial, como os ministros em nossos dias se atrevem a fazer. Alguns nutrem tal antipatia para com a lei de Deus que se dão ao trabalho de denunciá-la e estigmatizá-la ‘’ (I ME 239).
Classificá-la-emos em: lei moral e cerimonial. Todavia, a presente classificação é apenas uma sintetização que fizemo-la para fins didáticos - para melhor compreensão. Esta, porém se fará sem qualquer idéia particular ou preconcebida.
A LEI MORAL–CARACTERÍSTICAS PARTICULARES, LIMITES E UTILIDADES
O termo refere-se ao decálogo em toda a sua extensão filosófico-doutrinária. Todo o conteúdo das escrituras sagradas tem-no por base, já que cada item é muito abrangente não se limitando apenas a um aspecto, mas a vários simultaneamente.
As características particulares são aquelas que diferem-na principalmente das outras leis que se mesclam nos cincos primeiros livros da bíblia. As escrituras descrevem suas características, que são:
a. È chamada de lei real (Tg 1:5).
b. Antes de Adão já existia (Rm 4:15).
c. Foi escrita pelo próprio Deus (Ex 31:18).
d. Escrita em duas tábuas de pedra (Ex 31:18).
e. Era colocada dentro da arca (Dt 10:5).
f. É eterna (Mt 5:18; Lc 16:17; I Cron 16:15).
g. Aperfeiçoa o homem (Sl 19:7; 119:9).
h. É espiritual (Rm 7:14).
i. È chamada de lei real (Tg 1:5).
j. Antes de Adão já existia (Rm 4:15).
k. Foi escrita pelo próprio Deus (Ex 31:18).
l. Escrita em duas tábuas de pedra (Ex 31:18).
m. Era colocada dentro da arca (Dt 10:5).
n. É eterna (Mt 5:18; Lc 16:17; I Cron 16:15).
o. Aperfeiçoa o homem (Sl 19:7; 119:9).
p. É espiritual (Rm 7:14).
q. Contém um sábado semanal (Ex 20:8-11).
r. Não foi abolida na cruz (Mt 5:17-18).
s. Não é anulada pela fé em Cristo (Rm 3:31).
t. Foi dada para todo o povo (Ex 18:20).
u. É perfeita (Rm 7:12).
v. Não tem simbolismos (Hb 10:1).
w. É a chamada lei da liberdade (Tg 1:25).
x. É direcionada a todos os homens (Ex 19; 7-8).
A lei tem seu papel no plano da salvação, mas tem suas limitações. Através desta, Deus prepara-nos para a glorificação. É importante, mas não pode:
a. Justificar (Gl 2:16).
b. Livrar do pecado e da morte (Rm 8:2-3).
c. Livrar da condenação (Rm 8:1-4).
d. Livrar da maldição (Gl 3:10-14).
e. Remir (Rm 3:24-31).
f. Dar herança (Rm 4:13-14).
g. Aperfeiçoar (Hb 7:19; 10:1-10).
h. Capacitar à obediência (Hb 7:18; Fl 4:13).
Só Jesus pode operar tudo isso, pois somente nEle há toda a plenitude (Cl 1:19; Rm 4:25).
Sem a prática da lei, é impossível herdar o reino de Deus, pois no plano da redenção sua função é muito importante e muito útil, pois revela:
a. A necessidade espiritual do homem (Rm 9:31).
b. A existência do pecado, possibilitando o homem evitá-lo (Rm 7:7).
c. Os atributos de santidade e justiça de Deus contrapondo-se aos atributos humanos (Rm 7:12).
d. A carnalidade presente naturalmente no homem (Rm 8:3).
e. A incapacidade espiritual humana (Rm 8:7-8).
f. A morte espiritual ocasionada pelo mal (Ef 2:1).
g. A justificação como fruto de um relacionamento com Cristo, e não por qualquer outro meio (Gl 3:24).
h. Se o Espírito-Santo está ou não transformando o homem (Ef 4:24).
i. As diretrizes básicas pelas quais o homem será julgado no juízo vindouro (Tg 2:12).
j. Cristo como solução de salvação (Gl 3:13).
Todas estas funções apontam e exaltam a Jesus como solução dos problemas espirituais de todo homem.
A LEI MOSAICA - CARACTERÍSTICAS PARTICULARES E PROPÓSITOS
A lei de Moiséis distingue-se, indubitavelmente, do decálogo nas suas características, em muitos aspectos, o que torna a premissa da nulidade deste sem fundamento bíblico. Vejamos cada uma das características:
a. È chamada de cédulas de ordenanças (Ef 2:15).
b. Veio a existir após a queda (Hb 10:1).
c. Tem procedência divina mas foi escrita por Moiséis (Dt 31:9).
d. Foi escrita num livro (Dt 31:24).
e. Era colocada ao lado da arca (Dt 31:26).
f. Era temporária (Hb 9:10).
g. Nada aperfeiçoa (Hb 7:18-19).
h. É carnal (Hb 9:10).
i. Contém sete sábados anuais (Lv 23:4-5,6-7,8,10-12,15-16 e 21,24-25,27-28; ver também verso 37-38).
j. Cessou na cruz (Cl 2:14).
k. Desfeita por Cristo (Ef 2:15).
l. Dada aos levitas (Lv 6:9).
m. Nada aperfeiçoa, portanto é imperfeita em si mesma (Hb 10:11; 7:18-19)
n. É extremamente ritualística (Cl 2:14-16).
o. É sinônimo de prisão (Rm 7:6).
p. Foi dada exclusivamente a Israel (Ex 24:7-8).
A lei mosaica tinha propósitos específicos e também afins à lei de Deus. Ambas revelam-nos os atributos e atitudes de Deus. Sendo estes:
a. Revelar a santidade de Deus, contrastando com a iniqüidade (At 2:27-28).
b. Estabelecer os direitos civis de Israel (Rm 9:4).
c. Fazer restrições ao homem (Rm 5:20).
d. Mostrar a malignidade do pecado (Rm 7:13).
e. Apontar a Jesus como meio de salvação (Gl 3:24).
f. Evocar a soberania divina (Ap 15:4).
g. Manifestar a justiça de Deus (Na 1:3).
h. Enfatizar a misericórdia divina com o pecador (Rm 5:18).
É importante lembrar que os que viveram antes de Cristo serão julgados á luz que lhes foi dada: fundamentalmente mediante a lei mosaica.
A lei de Moisés refletia princípios melhorados vigentes no código de Hamurabi, predominante nas civilizações da época.
OS DEZ MANDAMENTOS NO NOVO TESTAMENTO
A palavra lei tem, normalmente, o sentido de totalidade, enquanto mandamento conota o sentido de cada item em sua plenitude (Ef 6:1; Mt 22:36-40).
Podemos vê-los inseridos no novo testamento mesclados com a doutrina do evangelho. Vejamos a referência no Novo Testamento de cada um dos dez mandamentos seqüencialmente:
a. Primeiro – At 17:22-25.
b. Segundo – I Ts 1:9.
c. Terceiro – Mt 5:33-37.
d. Quarto – Hb 4:4-7.
e. Quinto – Ef 6:1-3.
f. Sexto – Mt 5:21-24.
g. Sétimo – Mt 5:27-28.
h. Oitavo – Rm 12:9.
i. Nono – Mc 10:19.
j. Décimo – Rm 7:7.
Podemos então constatar que os dez mandamentos não existem apenas no Antigo Testamento, como pregam os antinomianistas [os que opugnam a lei pregando sua abstenção], mas também no Novo Testamento.
A QUESTÃO DO QUARTO MANDAMENTO DA LEI DE DEUS NA BÍBLIA
É praticamente impossível tratar da lei de Deus sem lembrar da polêmica referente ao mandamento do sábado que Deus santificou, abençoou e descansou por ser este o item que determina a controvérsia e o impasse teológico da vigência da lei de Deus e a de Moiséis, bem como a substituição do domingo pelo sábado.
Após criar o universo, Deus descansou no sétimo dia, obviamente para dar o exemplo, pois Ele não se cansa (Gn 2:1-3; Is 40:28).
No calendário judaico, além do sábado cerimonial, havia as festividades religiosas que eram também chamadas de sábados (Lv 23:32).
Os israelitas comemoravam sete sábados, como descritos em Levítico 23 como vemos em seguida:
TIPO DE SÁBADO
|
DATAS COMEMORATIVAS
|
SOMBRAS RELIGIOSAS
|
Páscoa e pães asmos (Vs. 4-8)
|
14 e 21 de Abib (primeiro)
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Morte de Jesus e a salvação decorrente desta
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Primícias (Vs. 9-14)
|
16 de Abib
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Ressurreição de Jesus e dos seus súditos
|
Pentecostes ou festa das semanas (Vs. 15-22)
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6 de Sivã (terceiro)
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Descida do Espírito-Santo sobre Seus seguidores
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Trombetas (Vs. 23-25)
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1° de Tisri ou Etanim (sétimo)
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Primeira mensagem angélica
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Expiação (Vs. 26-31)
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10 de Tisri
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Juízo investigativo antes da segunda vinda
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Tabernáculos (vs. 34-44)
|
15 e 22 de Tisri
|
Segunda vinda de Cristo
|
Como podemos ver, há nesse mesmo capítulo da bíblia sete sábados cerimoniais, sendo que há expressões que denotam claramente a santificação de quase todos estes dias, exceto um, conforme a seguinte descrição:
FESTIVIDADE/SÁBADO CERIMONIAL
|
RECOMENDAÇÃO DIVINA
|
Páscoa (Vs. 7)
|
Nenhuma obra servil fareis
|
Pães asmos (Vs. 7-8)
|
Nenhuma obra servil fareis
|
Primícias (Vs. 10-14)
|
[Nada referente a descanso]
|
Pentecostes (Vs. 21)
|
Nenhuma obra servil fareis
|
Trombetas (Vs. 24-25)
|
Tereis descanso - nenhuma obra servil fareis
|
Expiação (Vs. 28, 31-32 e 16:29-31)
|
Nenhuma obra fareis – sábado de descanso vos será – celebrareis o vosso sábado
|
Tabernáculos (Vs. 35-36, 39)
|
Nenhuma obra servil fareis – haverá descanso
|
É importante observarmos que a celebração que prefigurava a ressurreição de Cristo é a única festividade em que nenhuma das expressões que conotam cessação de trabalho ou dia especial [nenhuma obra servil fareis, tereis descanso, nenhuma obra fareis, descanso vos será, celebrareis o vosso sábado e haverá descanso] não aparece entre os versos 9 e 14 de Levítico 23, que tratam da festa das primícias, o que também inibe a tese da substituição do sétimo dia pelo primeiro. Isto é obviamente por providência divina.
A expressão santa convocação aparece 3 vezes no plural e oito no singular em Levítico; e 6 vezes no singular em Números, totalizando dezessete vezes. Em todos os casos, não admite nenhuma idéia de interrupção de trabalho, mas conota o sentido de uma reunião solene, especial; que distinguiria esses dias religiosos dos demais.
Por mais que a maioria dos eclesiásticos não perceba a distinção entre o sábado semanal e o cerimonial há, porém, algumas diferenças que podem ser facilmente identificadas:
SÁBADO SEMANAL
|
SÁBADO CERIMONIAL
|
Instituído na criação (Gn 2:1-3)
|
Instituído no Sinai (Ex 31:18)
|
Guardado ao lado da arca (Dt 31:24-26)
|
Guardado dentro da arca (I Rs 8:9)
|
Aponta para o passado (Ex 20:11)
|
Aponta para o futuro (Cl 2:17)
|
Escrito por Deus (Ex 31:18)
|
Escrito por Moiséis (Dt 31:24-26)
|
Observado semanalmente (Ex 20:8)
|
Observado anualmente (Lv 23:37-38)
|
É chamado: meus sábados (Ez 20:12)
|
É chamado: seus sábados (Os 2:11)
|
Deus descansou (Gn 2:2)
|
Só o homem descansou (Lv 23:32)
|
É um sinal eterno (Ex 31:16)
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Deveria cessar (Os 2:11; Hb 10:1-2)
|
Não foi abolido (Mt 24:20; Lc 23:54-56)
|
Foi abolido (Ef 2:14-15; Cl 2:14-17)
|
Como podemos perceber, essas diferenças nos revelam que o sábado cerimonial é parte integrante da lei de Moiséis e o sábado semanal é parte da lei de Deus; o primeiro era um símbolo temporário e o segundo uma lembrança eterna do poder criador de Deus.
Em mais de 140 línguas a palavra para sétimo dia é sábado e significa repouso, com o sentido de cessar quaisquer atividades.
A PRÁTICA DO SÁBADO NO NOVO TESTAMENTO
Inicialmente é bom lembrar que após a primeira diáspora judaica, ocorrida antes de Cristo, os judeus mesmo distantes de sua terra natal adotaram seus costumes religiosos em cada lugar para onde mudaram, construindo sinagogas onde o número de judeus fosse relevante.
Ao contrário do que muitos afirmam, podemos verificar a observância do sábado não apenas no Antigo Testamento, bem como no Novo:
a. Jesus preocupou-se com os cristãos quando profetizou sobre a diáspora, por saber que, se a invasão do exército romano acontecesse neste dia, todos seriam apanhados, pois estariam reunidos no templo em Jerusalém (Mt 24:20).
b. Os simpatizantes de Jesus tiraram Seu corpo da cruz antes do pôr-do-sol de sexta, o que indica o respeito às restrições deste dia (Mc 15:42-43).
c. Jesus freqüentava a sinagoga aos sábados (Lc 4:16).
d. As seguidoras de Cristo guardaram-no após a morte de Jesus, o que indica que entendiam que este continuava em vigor (Lc 23:54-56).
e. A exemplo de Jesus, numa cidade idólatra da Síria [cidade gentílica, não judaica] Paulo e Barnabé reuniram-se aos sábados não apenas na igreja durante um ano, mas também na sinagoga ocasionalmente (At 11:25-26; 13:14, 42-44).
f. Em Filipos [cidade da Macedônia], onde não havia igreja e nem sinagoga, Paulo e Silas reuniram-se com os demais à beira de um rio no dia de sábado (At 16:12-13).
g. Em Tessalônica [na Macedônia], por três sábados, Paulo e Silas congregaram na sinagoga (At 17:1-2).
h. Em Corinto [cidade grega], Paulo, Silas e Timóteo iam à sinagoga todos os sábados, isso durante um ano e seis meses (At 18:4-5; 11).
i. Em 97 a.C. João referiu-se ao dia do Senhor (Ap 1:10).
No Novo Testamento, são citadas 84 reuniões sabáticas praticadas pelos seguidores de Cristo. Há, só no Novo Testamento, 59 referências a esta palavra, enquanto que ao dia espúrio substituto [à palavra domingo] não há nenhuma.
TEXTOS POLÊMICOS DA BÍBLIA
Lc 16:16.
As traduções modernas usam as palavras duraram, vigoraram e profetizaram destacadas com grafia diferenciada em negrito ou itálico, como complementação de sentido; porém, estes termos não aparecem no original grego. Trata-se de um acréscimo de tradução.
Por diversas razões, não podemos concordar com os antinomianistas quando afirmam que Cristo, neste texto, ratifica a extinção da lei. Por exemplo:
· O vocábulo até, do grego mechiri, exerce duas funções: inclusão [como em Mt 15:27] e corresponde também a limite de tempo em textos hebraicos do Antigo Testamento [por exemplo, I Rs 18:21]. No texto paralelo ao de Lucas [Mt 11:13], este vocábulo é advérbio e não preposição, indicando inclusão como esclareceu Jesus, na frase subseqüente, ao citar os profetas e a lei na defesa de sua legitimidade messiânica.
· Logo após esta frase, Jesus deixa explícito o vigor e a inateralidade da lei ao afirmar que esta não deverá ser alterada ao longo do tempo, que esclarece o verdadeiro sentido da frase anterior (Lc 16:17).
· Após a morte de João Batista, continuou a existir na igreja primitiva a valorização ao ministério profético; havendo a atuação de profetas e profetizas logo após o reavivamento do pentecostes (At 11:28; 19; 6-7; 21:8-11; I Cr 14:1 e 29).
· Além do mais, a lei continuou sendo o padrão aos cristãos, cuja vigência foi explicitada nos escritos do novo testamento (Mt 5:17; 19:17; Ef 6:1-2; I Jo 2:7; Tg 2:8-11; Ef 2:19-20).
· O que está em evidência, segundo o contexto, tanto em Lucas quanto em Mateus não é a lei, mas o caráter e o messianismo de Cristo. A consignação de que o decálogo foi proscrito juntamente com o profetas era uma conclusão errônea.
O que Jesus intencionou dizer é que a lei e os profetas constituiriam o tema da pregação do reino de Deus e que o evangelho pregado por João Batista não veio substituir a lei e os profetas, mas suplementá-los (Lc 24:27 e 44; At 26:22; 28:23; Jo 5:45-47).
Uma tradução mais apropriada seria: A lei e os profetas até João ou a lei e os profetas foram pregados até João.
2. Rm 3:31.
Muitos eruditos argumentam que a presença de artigo indica particularidade e a ausência deste, generalização [que por isso este texto se refere a lei cerimonial devido a presença do artigo definido.]. Porém, ao analisá-lo devemos recorrer ao original grego e compará-lo a outros textos, observando seu contexto.
Alguns afirmam que a presença do artigo preposto no texto seja prova de que a referida lei se refira ao decálogo. Entretanto, No original, lei [neste caso] não vem precedida de artigo. Mas, no verso 21 do mesmo capítulo, o artigo aparece na contração se referindo a mesma lei. E em Romanos, lei é precedida por artigo aproximadamente 35 vezes, e 40 vezes sem este, deixando confusa a análise que depende deste critério. Por isso, a presença ou ausência do artigo não determina com segurança a que espécie de lei Paulo se refere. Só um estudo contextual pode determiná-la com segurança.
A frase ‘’de maneira nenhuma’’ do grego me genoito é citada 10 vezes em Romanos e designa abominação àquilo que se fez menção. Neste caso, indica que o autor de Romanos queria esclarecer que mesmo combatendo o legalismo judaico não intencionava o galacianismo [salvação só pela graça, sem obras]. Pois defendia o uso legítimo [ou correto] da lei (I Tm 1:8; ver também Rm 8:4-5). Seria o mesmo que dizer: de forma alguma. Paulo intencionava, com esta frase intermediária do texto ora analisado, esclarecer que não queria causar conclusões precipitadas quanto a legitimidade da lei de Deus.
Este texto refere-se ao decálogo, pois tratando o mesmo tema Paulo cita quatro mandamentos; e só aludiu à circuncisão por enfatizar a dependência de Cristo para salvação: quer seja circunciso ou incircunciso; sendo esta irrelevante no plano de salvação (Rm 2:21-24; 28-29; 3:27-30).
Uma análise ampla do assunto deixa claro que o apóstolo Paulo pregava a observância da lei moral como um meio secundário de salvação, nunca como fim de maior relevância (At 24:14; Rm 1:5 I Cr 7:19; Hb 12:14).
Rm 10:4.
A palavra fim, do grego telos, tem dois sentidos na bíblia:
· Cessação ou final (I Cr 10:11; Hb 3:6; Rm 6:21)
· Objetivo ou alvo (I Tm 1:5; I Pd 1:9; Tg 5:11)
O termo grego telos inclui o sentido de palavras citadas anteriormente. Isto se torna evidente quando observamos que o discurso de Romanos é apontar Jesus como único meio de salvação, condenando a concepção judaica de salvação por obras da lei (Rm 3:28).
A frase ‘’para justiça de todo aquele que crê’’ está em concordância com as teses paulinas de que a lei é importante para consolidar a santificação (Rm 6:1, 14-15; Tg 2:24)
Este texto tem sentido paralelo a outros nas epístolas de Paulo, que pregam que a lei aponta a Jesus (Gl 3:24; Hb 10:1; Cl 2:17).
Cl 2:14-16.
No Novo Testamento, o termo sábado é usado 59 vezes para indicar o sétimo dia da semana e 1 vez no plural para as festas cerimoniais.Há também algumas observações na afirmação deste texto que contêm aspectos importantes, que por isso devem ser analisadas.
Neste texto de Efésios, há comentários no contexto com relação à lei [a qual Paulo denomina ordenanças] que devemos observar:
· Pereceram por serem corrompidas pelo homem (Cl 2:20-23)
· Apontam para o futuro (Cl 2:17)
· Têm relação com regulamentos ritualísticos como comidas, bebidas, dias de festas, sábados [no caso, anuais] e luas novas. As comidas lembram os restos de sacrifícios que eram comidos pelos sacerdotes (Cl 2:16)
Todas estas evidências deixam claro que a lei referida é a mosaica, já que o decálogo tem características diferentes, pois esta:
· É perene e inalterável, não podendo ser corrompida pelo homem (Rm 7:12)
· Aponta para o passado (Ex 20:9-11)
· Nenhum item tem relação a rituais ou símbolos
d. As festividades anuais tinham, entre outros, a comida como parte integrante dos rituais dos judeus, que era de grande importância conforme vemos alguns exemplos a seguir:
Ordenança judaica
|
Tipo de comida
|
Páscoa (Ex 12:3-4)
|
Cordeiro ou cabrito
|
Pães asmos (Ex 12:18)
|
Pães asmos
|
Primícias (Lv 23:14)
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Pão - trigo tostado - espigas verdes
|
Pentecostes (Lv 23:17)
|
Pães de movimento - farinha
|
Expiação
|
Cordeiro [sacerdotes]
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Tabernáculos (Nm 29:12)
|
Bezerro – carneiro – cordeiros
|
Lua nova (I Sm 20:5, 34)
|
Pão
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Jubileu (Lv 25:12)
|
Produto do campo
|
Sacrifício de ação de graças
|
Bolos - asmos – farinha – pão – carne
|
Paulo afirma que estes sacrifícios de manjares e bebidas e as várias abluções seriam impostas até ao tempo da reforma feita por Cristo. O mesmo não se poderia dizer com relação ao decálogo, por não ser constituído de ordenanças e abluções, mas apenas proibições (Hb 9:9-11).
Jo 13:34.
Com base neste verso, há os que afirmam que o evangelho substituiu a lei do Sinai; e que por isso não há mais necessidade de observá-la.
Entretanto esquecem que:
· Cristo comprovou sua validade no sermão do monte, caracterizando-a como perene (Mt 5:17-19).
· Seus princípios éticos estão contidos no evangelho, como vimos anteriormente
O uso do adjetivo ‘’novo’’ é explicado pelo grego. Em outros textos conotaria sentido confuso, se comparado a outros tendo por critério apenas nossas regras gramaticais (ver I Jo 1:7; II Jo 5).
Por isso é importante recorrermos ao original para analisar com segurança o sentido bíblico deste vocábulo. Não podemos esquecer que para o significado grego das palavras há um vocábulo para cada palavras, diferente do que ocorre no português.
Quando falava de novo mandamento, João estava se referindo ao Pentateuco [por exemplo, Dt 10:5] e Jesus estava utilizando um estilo de linguagem comum aos profetas. Isaías, por exemplo, ao anunciar a vinda do Messias denominou-a de novas coisas, mas sabemos que esta mensagem não era nova para o povo, eles já a conheciam (Is 42:9).
A expulsão de demônios não era vista como algo novo na história de Israel, pois a bíblia registra que o rei Saul passara por esta experiência (ver Mc 1:27; I Sm 16:23).
A mensagem de Cristo está em consonância com Paulo, que todos devem viver a lei visando seu objetivo supremo: o amor secundário como reflexo do amor primário revelado; nunca se limitando à sua letra, mas ao seu espírito [objetivo]. A letra da lei prega, fundamentalmente, a exaltação das normas como meio de salvação como é o caso da escola legalista; já o espírito da lei põe em evidência os princípios éticos decorrentes da lei, com a colaboração de uma mente iluminada que se preocupa com o relacionamento na esfera vertical e horizontal Estava lembrando-lhes que a prática da lei por meros caprichos é inoperante e sem valor para Deus, mas que sua observância deve ser resultado de um relacionamento pessoal. (Rm 7:6; Hb 10:20).
Ef 2:15-16.
É importante observar que Paulo trata sobre:
· O legalismo prevalecente no judaísmo (Vs. 18)
· A exclusividade étnica-religiosa dos judeus (Vs. 14-16)
· A substituição plena de Jesus em detrimento à validade da lei cerimonial (Vs. 15)
· Uma lei temporária diferente, porém, de outra que não se limita à cruz (Mt 5:17-18)
Além do mais, vale ressaltar novamente que o decálogo não é constituído de ordenanças, mas de proibições. E serviu de fundamento aos profetas e apóstolos (Vs. 20; ver Lc 24:44).
Rm 14:5.
É importante observar que do contexto pode-se inferir que:
a. Ao expressar um faz, Paulo está tratando de assuntos sobre os quais não havia um consenso comum, o que ele classifica como duvidosos. Diferentemente, os princípios morais do Antigo Testamento nunca poderiam ter sido questionados (vs.1-2).
b. A carta aos romanos foi escrita em 58 d.C. tendo como principal objetivo solucionar alguns problemas dos cristãos de Roma que foram herdados do judaísmo. Os judeus tendentes ao cerimonialismo religioso, ao aderirem ao cristianismo, tentavam impor seus antigos costumes à igreja primitiva, o que causou conturbação doutrinária na igreja de Roma.
c. Os dias e meses referidos eram aqueles guardados tradicionalmente desde os dias de Moisés, conforme descritos abaixo:
SÁBADOS
|
NOMES
|
DATAS
|
1° sábado
|
Páscoa
|
14 de abib
|
2° sábado
|
Festa dos pães asmos
|
21 de abib
|
3° sábado
|
Pentecostes
|
6 de sivã
|
4° sábado
|
Festa das trombetas
|
1° de tisri
|
5° sábado
|
Dia da expiação
|
10 de tisri
|
6° sábado
|
1° dia da f. dos tabernáculos
|
15 de tisri
|
7° sábado
|
2° dia da f. dos tabernáculos
|
22 de tisri
|
As concepções particulares de alguns cristãos é que estavam gerando esta confusão na igreja de Roma. Paulo defendeu, no verso seguinte, a idéia de que predomine o culto a Deus em detrimento ao ritualismo destituído de valores espirituais, o que era comum naqueles dias, como também em outras regiões (Gl 4:9).
Gl 4:10.
Os dias são os mesmos estudados anteriormente, ou seja, aqueles observados nas festividades judaicas. Trata-se dos dias sagrados celebrados nas festividades judaicas, quando havia restrição a atividades temporais.
Os meses citados por Paulo são aqueles meses judaicos em que aconteciam as festas religiosas: abib (primeiro), sivã (segundo) e tisri (terceiro).
Os anos citados em Gálatas são os que eram considerados diferentes dos demais pelos hebreus, exemplo:
· Ano sabático – descanso da terra que se dava a cada sétimo ano, quando nada se plantava (Lv 25:3-4).
· Ano do jubileu – Ano que comemorava o resgate de bens e liberdade de escravos, acontecia a cada cinqüenta anos (Lv 25:8-10).
· Ano da remissão – período que, de sete em sete anos, auxiliava ao pobre natural, eximindo-o de alguma dívida que tivesse (Dt 31:10-11).
Todos os dias, meses e anos deste texto perderam sua função religiosa por serem festividades que apontavam ao ministério de Cristo, que ao vir, cancelou cumprindo aqueles simbolismos em plol do homem.
II Cr 3:14-16.
Paulo, no verso 15, faz uso da metonímia ao referir-se a Moisés. Infere-se, portanto, que ao falar em abolição há alusão aos escritos do Pentateuco - mas todos hão de convir que - não necessariamente, a todo o seu conteúdo. Pois nem tudo do Pentateuco foi ab-rogado.
Sobre o véu podemos verificar:
· Corresponde a uma cortina que separava os dois compartimentos do santuário (Ex 26:33; Hb 9:3).
· Era o lugar onde se faziam algumas cerimônias (Lv 4:5-6).
· Na nova aliança, corresponde a carne de Cristo (Hb 10:20).
· Foi abolido por ocasião da morte de Jesus (Vs 14; Mt 27:51).
· As vezes este vocábulo identifica o lugar santíssimo do santuário (Lv 16:2).
Portanto, por várias razões podemos afirmar que, neste texto, o véu refere-se aos serviços ritualísticos do santuário terrestre, ou seja, ao próprio santuário:
· Estava no coração dos filhos de Israel – mesma situação dos gálatas ao continuarem supervalorizando aqueles rituais (Vs. 15; Gl 4:9).
· Deveria ser abandonado (Vs. 16).
O problema dos judeus não consistia em ler Moisés, mas no fato de não entenderem-no, ao continuar a defender aquilo que era transitório: todo o simbolismo do santuário (Vs. 11; ver também Nm 18:7).
Há diferença entre a letra e o espírito da lei; a primeira é mais concisa, é a expressão da vontade do legislador, está vinculada a um sistema de regras. A segunda é mais extensiva defende mais que meras regras, prega princípios (ver Rm 2:27).
Jesus, no sermão da montanha e em outra ocasião, defendeu em Mateus uma maior extensão àquilo que dizia a letra da lei, exemplo:
· Homicídio (sexto mandamento) não se restringe apenas ao ato físico, mas a ira e ao insulto (Mt 5:21-22);
· Adultério (sétimo mandamento) é mais que ato sexual, pode ser praticado pelo olhar (Mt 5:28);
· Além do mais, desonra aos pais (quinto mandamento) também acontecia por abandono financeiro (Mt 15:4-6).
A referência a Moisés é uma figura de linguagem denominada; o véu, o velho testamento é uma ênfase aos rituais do Pentateuco. A palavra leitura ou lição, em algumas traduções, aparece também em I Tm 4:13 com a conotação de ensinamentos, que eram passados oralmente às gerações nas sinagogas judaicas.
CONCLUSÃO
Tratando de ambas as leis, Mateus Henry, notável teólogo e escritor presbiteriano assim se expressou: A lei moral não foi senão para localização da ferida, e a lei cerimonial serviu como sombra precursora do remédio: Cristo, porém é o fim de ambas (Comentário das Escrituras de Mateus Henry).
Ninguém será salvo por praticar a lei, porém sem vivê-la não poderemos herdar o reino dos céus, por não ter nenhuma afinidade moral e espiritual com Deus (Rm 3:21).
Os escritores bíblicos não se preocupam em classificar a lei, já que esta era constituída de princípios morais inalteráveis; qualquer lei na bíblia é proveniente de Deus, sendo o homem apenas um instrumento de transmissão.
Deus jamais aboliria a lei, transcrição de seu caráter. É eterna tanto quanto o próprio Jeová. Veio a existir para ser praticada (Dt 32:46-47).
Os princípios descritos na bíblia não se restringem ao período mosaico, mas ao anterior e ao posterior; o que é mutável é a letra da lei, que existe em função das circunstâncias existentes (ver novamente Mt 5:17-18; Rm 7:6).
O sábado, como parte integrante da lei de Deus, continuará em vigor por toda eternidade (Is 66:23).
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- Explicação difíceis da bíblia (Pedro Apolinário)
-Constituição Federal Brasileira de 1988
-Mensagens Escolhidas, vol.1 (Ellen White)
- Segue-me (Itanel Ferraz)
- Revista adventista
- Comentário Bíblico Adventista
- Dicionário Bíblico Stong (James Strong)
- Assim diz o Senhor (Lourenço Gonzales)
-Comentário das escrituras MattewHenry)
-Estudando juntos (Mark Finley)
-A cruz antes da cruz (José Pereira)
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