quarta-feira, 21 de abril de 2010

TEMA 01 - A GLOSSOLALIA E OS FENÔMENOS CARISMÁTICOS

INTRODUÇÃO: I Cor 14 :12,26 e 28.
O sentido etimológico de glossolalia é falar línguas (glossa = língua e lalia = falar do verbo aléo).
O dom de línguas tornou-se um requisito normativo de várias igrejas adeptas do carismatismo ou neopentecostalismo.
Nos EUA, por exemplo, católicos e protestantes aderiram a este fenômeno moderno, considerando-o como de extrema relevância.
O BATISMO DO ESPÍRITO-SANTO E O DOM DE LÍNGUAS.
O Espírito-Santo aparece 88 vezes no velho testamento, 16 dos 39 não O mencionam. No novo testamento 3 livros não O citam: Filemon, II e III João. Paulo foi quem mais se referiu a Ele, cerca 120 vezes.
Há 18 relatos de batismo com o Espírito-Santo, sendo que, 14 não fazem nenhuma alusão a línguas.
Seitas neopagãs, diversos grupos do cristianismo primitivo/hodierno, manifestações psicopáticas e psiconeuróticas e as religiões ortodoxas têm praticado o fenômeno glossolálico.
O concílio mundial das igrejas e o concílio do Vaticano II com propósitos ecumênicos aderiram aos movimentos carismáticos, o que anteriormente era inadmissível.
A aplicação de Ap 13:13 obviamente refere-se ao neopentecostalismo; pois biblicamente o fogo é símbolo do Espírito-Santo. E não especificamente às bombas de Nagasaki e Hiroshima na II guerra mundial e nem a fogo literal (Mt 3:11; Ez 24:11; Zc 2:5).
O movimento carismático surgiu na América em 1842; sendo que, tendo roupagem evangélica, é o espiritismo moderno constituindo uma contrafação do autêntico dom do Espírito.
Ellen G. White condenou tais manifestações na igreja, inclusive emocionalismos ruidosos; e alertou que haveria uma falsificação (I TS 161, III ME 371 e GC 464).Só um houve caso que as aprovou, o que se justifica pelas circunstâncias (RH 15/03/1973, pág. 7 – ver MCH, 1989, pág. 219).
REQUISITOS PARA O RECEBIMENTO DO ESPÍRITO-SANTO.
O recebimento/batismo pelo Espírito não é uma novidade neotestamentária mas há relatos de que servos de Deus O experimentaram desde os tempos antigos (II Sm 23:2).
As condições estabelecidas por Deus são: Fé (Gl 3:14), arrependimento (At 2:38), obediência (At 5:32) e oração (Lc 11:13).
As evidências perceptíveis de quem O tem, além dos anteriores, são: testemunha de Jesus (At 1:8), tem intrepidez espiritual (At 4:31), prega a verdade (Jo 16:13), aprende as coisas de Deus (Jo 14:26; I Cr 2:13) e vivenciará os frutos do Espírito, renegando os da carne (Gl 5:22-25)
O DOM DE LÍNGUAS NO NOVO TESTAMENTO
Há 5 passagens no novo testamento que mencionam o dom de línguas: uma em Marcos, três em Atos e uma em Coríntios; sendo que, somente em três ocasiões houve manifestações explícitas deste dom.
Há nas Escrituras 7 textos que falam do batismo com o Espírito-Santo (Mat 3:11, Mac 1:8, Lc 3:16, Jo 1:33, At 1:5, At 11:16 e I Co 12:13). Mas silenciam com relação a este dom.
Estes textos tratam da natureza deste batismo, mas nada enfatizam com relação a importância dogmática, defendida por grupos religiosos. No novo testamento, cada texto relacionado a este dom é explicado quando consideramos o contexto (que sempre mostrará o objetivo primordial deste dom em cada situação).
TEXTOS POLÊMICOS NO NOVO TESTAMENTO
Mac 16:17-18.
Há dois vocábulos gregos que explicam as ‘’novas línguas’’ defendidas pelos carismáticos e pentecostalistas. São eles:
Neos – significa jovem, recente, recém-formado (ex: Mt 13:52)
Kainós – significa novo na espécie, no caráter, no modelo, é o renovado, melhorado, de maior excelência na forma ou qualidade e melhor que o velho (ex: Jo 13:34; Ap 21:1; II Cor 5:17; Ef 2:15; He 8:8, etc).
As expressões Kainós ântropos em Ef 2:15 e neos ântropos em Cl 3:10 para novo homem coincidem no aspecto semântico. Kainós ântropos é o que difere do anterior e neos ântropos é o renovado interiormente.
Os cristãos seriam protegidos de serpentes e venenos quando, logicamente, fossem submetidos, involuntariamente.
Portanto, novas línguas não são línguas desconhecidas ou estranhas, pois o vocábulo original é Kainós. E o fato ocorrido dez dias depois, no pentecostes, também confirma esta posição.
Além do mais, eruditos e teólogos questionam a origem de Mac 16:9-20 por não se encontrar em manuscritos unciais do IV século (alef/sinaítico), nos antigos escritos do Vaticano e nas versões latinas, siríacas, etíopes e armênias; e também por apresentar diferença de estilo, vocabulário e ensinos. Por isso este texto não pode ser usado para defender qualquer posição doutrinária.
At 2:1-13.
Pentecostes é a transliteração do grego pentekostes significa cinqüenta ou o qüinquagésimo dia; refere-se ao terceiro sábado anual judaico. Não tem nenhuma relação original com dons espirituais.
A contração noutras (verso 4) não se refere a línguas ininteligíveis ou extáticas, pois os apóstolos falaram 17 línguas conhecidas (versos 6,8-11).
O texto deixa explícito que Pedro ao pregar estava sendo traduzido pelos outros (versos 14 e 37).
Para os judeus isto evidenciava a era messiânica e para os gentios a autenticidade desse novo movimento religioso (versos 7 e 12).
Dom de línguas tinha, nesta ocasião, por objetivo primordial a propagação do evangelho (At 1:8, 2:11 e 2:41).
At 10:46.
Neste caso, o dom referido era um sinal de que barreiras étnicas deveriam ser rompidas nesta nova era, pondo fim ao preconceito existentes entre judeus e gentios (versos 34-35 e 11:37).
Como oficial do exército romano, este dom possibilitaria a Cornélio falar de Jesus a várias pessoas das mais variadas nacionalidades.
O texto esclarece que os presentes compreendiam o que ouviam, portanto, falou-se idiomas conhecidos (verso 46).
At 19:1-6.
Éfeso era um grande centro comercial, e conhecida como província romana da Ásia era uma cidade cosmopolita onde habitavam cidadãos de todas as nações e religiões, inclusive praticantes do judaísmo.
Após a primeira diáspora ocorrida no II século a. c. os judeus devotos tradicionalmente iam a Jerusalém, no mínimo, uma vez por ano às festas religiosas. Por isso, os efésios foram batizados por João Batista. Sendo que este teria um novo significado, o que o distinguia do batismo de prosélitos praticado pelos judeus.
É importante observar que os 12 cristãos de Éfeso (verso 7) não tinham a mesma habilidade de Apolo para divulgar o evangelho – ver AA 281-283.
Com a manifestação do dom lingüistico, estes cristãos conseguiram cumprir o objetivo em apenas dois anos, o que anteriormente era praticamente impossível (verso 10).
I Cor 12 a 14.
Corinto foi instituída capital da capital da Acaia em 27 a.C. Na época do NT era também cosmopolita – com aproximadamente 600000 habitantes; abrigou os judeus expulsos de Roma por Cláudio em 49-50 A. D. e tinha grande fluxo oriente-ocidente – favorecendo o cristianismo que penetrou em todas as classes sociais; apesar da pluralidade lingüística, o grego era predominante.
Em Corinto haviam romanos, gregos, egípcios, sírios, judeus e de muitas outras nacionalidades.
Havia em Corinto três possíveis tipos de pessoas: os que haviam aprendido outras línguas estudando – pois era uma cidade portuária e turística, os que tinham o autêntico dom de línguas – pois os crentes coríntios tinham todos os dons, inclusive o dom de línguas (I Cor 1:5-7 e 14:39) e haviam também os que praticavam um dom heterodoxo, em função do torneio poliglótico existente – o que era uma contrafação do autêntico dom, pois falavam por elucubração (I Cor 14:4-6).
A encenação lingüística em Corinto era reflexo de sua condição espiritual, exemplo: prostituição presente na igreja – I Cor 5, divergências judiciais entre irmãos – I Cor 6, problemas de casamento – I Cor 7, envolvimento com ídolos – I Cor 8, omissão na manutenção do evangelho carnalismo extremo. Mesmo os que praticavam tais atos professavam ter o autêntico dom lingüístico, tornando-o duvidoso na igreja A palavra ‘’estranhas’’ que aparece, normalmente, destacada nas traduções modernas, não existe no original mas é apenas um acréscimo de tradução.
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DIRETRIZES DO AUTÊNTICO DOM DE LÍNGUAS.
Paulo enfatiza as evidências e diretrizes do genuíno dom glossolálico, que deve:
Edificar a igreja, pois é equiparado ao efeito de salmos, doutrinas e revelações (I Cor 14:26), ser inteligível, pois do contrário será sem função definida (I Cor 14:9 e 19), cada um falar por sua vez, com 2 ou 3 atuando numa reunião religiosa (I Cor 14:27), evitar escândalos para não depreciar a missão ( I Cor 14:23), ser instrutiva, pois do contrário ficará sem proveito (I Cor 14:19), ter intérprete (I Cor 14:13 e 28), ter ordem (I Cr 14:33)
Visar um fim proveitoso (I Cr 12:7) e tratar de línguas terrenas (At 2:5-6).
Os modernos movimentos carismáticos atuais ignoram estas condições anteriormente relacionadas.
EXEMPLOS DE QUEM RECEBEU O ESPÍRITO-SANTO E NÃO FALOU LÍNGUAS.
Há alguns verbos que exprimem a experiência com o Espírito, como: repousar, vir, revestir, apossar, entrar, apoderar, estar, receber, cair, descer, surgir e há também os adjetivos: cheio e batizado.
Muitos, nos tempos bíblicos, experimentaram-no, sem qualquer manifestação lingüística. Vejamos diversos exemplos em ordem cronológica:
Bezalel – Ex 35:30-32, setenta anciãos – Nm 11:25, Eldade e Medade – Nm 11:26, Balaão – Nm 24:2, Josué – Nm 27:18, Otoniel – Jz 3:10, Gideão – Jz 6:34, Sansão – Jz 14:6, Saul – I Sm 10:10, Davi – I Sm 16:13, mensageiros de Saul – I Sm 19:20, Neemias – Ne 9:30, II Rs 2:9 – Eliseu, II Rs 2:15, Ezequiel – Ez 2:2, Miquéias – Mq 3:8, Maria, mãe de Jesus- Mt1:18, João Batista – Lc 1:15, Zacarias – Lc 1:67, Simão – Lc 2:25, Jesus – Lc 4:1, sete diáconos – At 6:3-6, samaritanos – At 8:15-17, Barnabé – At 11:22-24, Isaías – At 28:25,
gálatas – Gl 3:3, efésios – Ef 3:20, tessalonicenses – I Ts 4:8 e profetas arqueotestamentários – I Ped 1:10-12.
As expressões: desceu sobre...,cheio do... e ser batizados denotam equivalência (Lc 3:22; 4:1; Mc 10;39).
Por mais que os discípulos recebessem o Espírito-Santo antes do pentecostes, entretanto só foram batizados depois. Isto torna óbvio que o batismo não é a mesma experiência que as citadas anteriormente, é algo de maior plenitude (Jo 20:22).
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES.
Ao abordar este tema, Paulo afirma que o dom de profecia tem preeminência, e ensinou que se deve priorizar os melhores dons (I Cor 14:1-5; 12:31).
Falar línguas estranhas não é evidência da aprovação de Deus (I Cor 14:23).
Todos os dons devem cooperar para a unidade funcional e harmonia da igreja (I Cor 14:12).
Nem todos, obrigatoriamente, têm um mesmo dom; logo os 9 dons relacionados nas epístolas paulinas não são inerentes e obrigatórios a todos, o que destoa de que este dom seja uma premissa básica ou dogma do cristianismo (I Cor 12:29-30).
Emocionalismos e manifestações sobrenaturais comuns no carismatismo não constituem evidência de procedência divina (Mat 7:21-23; I Rs 18:27-29, etc).
E além do mais, o aramaico bab-ilu referindo-se à torre de Babel, que derivou a pluralidade lingüística, o que torna óbvio que os anjos no céu só falam uma língua, por nunca terem pecado (Gen. 11:1-9).
OS MODERNOS MOVIMENTOS GLOSSOLÁLICOS
Com relação a estruturas de linguagem, uma análise detalhada e imparcial revela:
Ausência de qualquer estrutura lingüística conhecida, o uso excessivo-repetitivo de apenas 2 ou 3 vogais e que os sons e vocábulos são totalmente desconhecidos por poliglotas e filólogos atuais
As explicações relevantes para o moderno carismático-glossolálico são:
Ação diabólica – fazendo uma contrafação, fraude – uma espécie de simulação exibicionismo, hipnose – por intervenção psicológica, catarse psíquica – purificação espiritual e orgulho espiritual – uma forma de exteriorizar o divino em função do humano.
Ellen Gold White alerta: ‘‘Eu tenho sido instruída que quando alguém pretende exibir estas manifestações peculiares (falar em línguas, dançar, gritar, pular, etc) isto é uma evidência decisiva que não é obra de Deus (Manuscritos 115, 1908)’’.
Além do mais, as gritarias predominantes nos cultos em que há manifestações glossolálicas, são reprovadas pela bíblia (Ef 4:31).
CONCLUSÃO.
O poliglota Charles Bertz afirma que atualmente há no mundo 2797 línguas e cerca de 8000 dialetos. Só na Austrália 50000 aborígenes falam mais de 200 línguas. Filólogos modernos têm se esforçado a unificar todos os idiomas, mas sem sucesso; porém estas barreiras são transponíveis para Deus através do conhecimento humano. Atualmente, a Igreja Adventista está pregando o evangelho em 800 línguas. Em nossa realidade, a grande pluralidade lingüística do mundo hodierno pode, facilmente, ser superada; o que torna este dom dispensável e de caráter transitório.
O uso de línguas estranhas não é segurança de aprovação de Deus, pois o espiritismo moderno e magos do antigo Egito sempre ultilizaram-nas.
A maioria dos personagens bíblicos que eram cheios do Espírito, nunca tiveram qualquer manifestação glossolálica.
As características do neopentecostalismo moderno não se coadunam ao pentecostes da era apostólica.
Estes fenômenos acompanham, predominantemente, tendências decorrentes do concílio mundial das igrejas em 1964.
O pioneiro adventista que começou o ministério da pregação em língua diversa da sua língua materna foi John N. Andrews em 1874 ao sair dos Estados Unidos à Europa.
Portanto, a glossolalia moderno está aquém do padrão bíblico estabelecido por Deus e está além do objetivo primordial de todo e qualquer dom: a pregação do evangelho eterno.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- Explicação difíceis da bíblia (Pedro Apolinário)
- Segue-me (Itanel Ferraz)
- Revista adventista
- Mensagens Escolhidas, vol. 3 (Ellen White)
- Minha Consagração Hoje (Ellen White)
- Review and Herald
- Manuscritos de EGW
- Comentário Bíblico Adventista
- Dicionário Bíblico Stong (James Strong)
- Assim diz o Senhor (Lourenço Gonzales)
- Enciclopédia ASD
- A mão de Deus ao leme (Enoc de Oliveira)

PERGUNTA 22 - Deus se importa com os animais?

1. Observações importantes: *Deus criou todos os animais (Gn 1; Jr 27:5); *Todos os animais são propriedade de Deus (Sl 50:10);...