Textos em questão:
Mt 27:3-5: Então
Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta
moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei,
traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é
contigo.
E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar.
At 1:18-19: Ora, este adquiriu um campo com o galardão da iniquidade; e,
precipitando-se, rebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram. E
foi notório a todos os que habitam em Jerusalém; de maneira que na sua própria
língua esse campo se chama Aceldama, isto é, Campo de Sangue.
Teses sustentadas:
- Judas morreu enforcado;
- Judas morreu no precipício;
- Judas
morreu enforcado e se precipitou em seguida;
- Judas
morreu enforcado e inchou-se dias depois;
- A bíblia estaria se
contradizendo;
Algumas
observações importantes fazem o comentarista WILLIAM HENDRIKSEN: “Não é
claro por que isso deve considerar-se como estando em conflito com o relato de
Lucas: “e precipitando-se, rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se
derramaram” (At 1.18). Se ele se enforcou em uma árvore situada sobre um alto
penhasco, acima do vale, e se então a corda rompeu-se e o traidor caiu sobre o
terreno rochoso, então o resultado bem que poderia ser o descrito no livro de
Atos. Naturalmente, essa tentativa de harmonização pode ser errônea. Pode haver
uma outra e melhor explicação, mas pelo menos não há razão alguma para gritar:
“Discrepância!” (Com. Do NT WILLIAM HENDRIKSEN –Mateus, vol. 2, pág. 624).
Outros comentaristas fazem
observações importantes:
“Três
tradições independentes acerca da morte de Judas circulavam na comunidade
cristã. Mateus transmitiu uma dessas tradições. Uma segunda provém da passagem
diante de nós, em Atos. Eusébio de Cesaréia registra uma terceira, que recebeu
dos escritos de Papias, Bispo de Hierápoüs (c. 128 d.C.). Mateus introduz a sua
história acerca do suicídio de Judas, dizendo que ele se enforcou enquanto
Jesus foi enviado para apresentar-se diante de Poncio Pilatos (27:3-10). O
relato de Lucas dá um intervalo de tempo, pelo menos suficiente para que Judas
comprasse uma propriedade.
De acordo
com Atos, Judas adquiriu uma propriedade. Ele caiu e arrebentou pelo meio.
Todos os seus órgãos internos se derramaram. Devido ao fato de o sangue de
Judas ter-se derramado sobre a propriedade, o povo de Jerusalém passou a
chamá-la Acéldama, isto é, Campo de Sangue. Mateus apresenta outra razão para o
nome do campo. Depois que Jesus foi preso pelas autoridades judaicas, e levado
perante Pilatos, Judas entristeceu-se pelo que havia feito. Voltou aos
sacerdotes, declarou que havia traído sangue inocente, e lançou as trinta
moedas de prata no piso do Templo. Depois, retirou-se e enforcou-se. Os
sacerdotes deliberaram acerca do assunto de como dispor do dinheiro e,
finalmente, compraram um campo, que converteram em cemitério para estrangeiros.
O lote de terra tornou-se o que chamaríamos de “Colina das Despedidas”. A
tradição de Papias assevera que Judas inchou e foi esmagado em uma rua estreita
por uma carreta.” – (Com. Bíb. Broadman, vol. 10, pág. 37).
“Sua
recusa fê-lo (talvez depois de um intervalo de demorada reflexão) arremessá-lo
para o santuário (naos) do
templo. Foi enforcar-se. Este detalhe e os seguintes não contradizem Atos 1:18,
19. São possíveis diversos modos de harmonização.” – (Com.
Moody, com. De Mateus, pág. 142).
“Embora
os três Evangelhos Sinóticos falem do pacto que Judas Iscariotes fez com os
príncipes dos sacerdotes para trair Jesus, e os três registrem a traição,
somente Mateus narra o remorso e o suicídio do traidor.” –
(Comentário Beacon, vol. 6, pág. 182)
Não concordamos com a posição de Warren W. Wiersbe
“Atos
1:18,19 ajuda a esclarecer esses acontecimentos. Judas afastou-se sozinho,
lamentando profundamente seu crime e, por fim, enforcou-se. Ao que parece, o
corpo só foi descoberto alguns dias depois, pois foi encontrado inchado e com
as entranhas expostas, possivelmente porque o galho da árvore onde o suicida
havia se amarrado tinha quebrado, e a queda tinha ocasionado a ruptura do
cadáver.” – (Com. Bíb. Expositivo do NT, vol. 1, pág. 130).
“Judas viu que suas
súplicas eram em vão e precipitou-se da sala, exclamando: É tarde! É tarde!
Sentiu que não poderia viver para ver Jesus crucificado e, em desespero, foi
enforcar-se.
Mais tarde, naquele mesmo dia, a caminho da sala de Pilatos para o
Calvário, houve uma interrupção nos gritos e zombaria da turba ímpia que levava
Jesus ao lugar da crucifixão. Ao passarem por local retirado, viram ao pé de
uma árvore, sem vida, o corpo de Judas. Era uma cena horripilante. Seu peso
rompera a corda em que se pendurara à árvore. Ao cair, rebentara-se-lhe
terrivelmente o corpo, e cães o estavam agora devorando. Seus restos foram
imediatamente enterrados e ocultos às vistas; houve, porém, menos escárnios
entre a turba e muitos rostos pálidos revelavam os pensamentos interiores.” – (DTN 722-723).
“Quando Judas percebeu que suas súplicas não dariam resultado, saiu
correndo da sala, gritando: "É tarde, é tarde demais!" Sentiu que não
podia suportar a crucifixão de Jesus e, em desespero, foi e enforcou-se.
Mais
tarde, naquele mesmo dia, quando conduziam Jesus do tribunal de Pilatos ao Calvário,
as zombarias e os insultos da turba vil foram interrompidos quando passaram por
um lugar ermo e viram, junto a uma árvore seca, o corpo sem vida de
Judas.
Era
um quadro repugnante. O peso do corpo havia rompido a corda e, ao cair,
mutilara-se horrivelmente. Os cães agora o devoravam. Os restos foram
imediatamente enterrados longe da vista de todos. A zombaria, porém, diminuiu e
o rosto pálido de muitos revelava os fortes temores de seu íntimo”. – (VJ 122).
Conclusão: Alguns autores, como
Mateus Henry, parecem defender que Judas teria morrido enforcado. A posição de
Ellen White é a mesma ou parecida com as defendidas por WILLIAM
HENDRIKSEN, Broadman, Moody, Beacon, R. N. Champlin etc.